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segunda-feira, 25 de março de 2013

Aluno de Direito nos EUA procura faculdade mais barata

As faculdades de Direito sempre foram consideradas pelos americanos como a melhor escada social para estudantes progredirem para a classe média e, quem sabe, a alta. Mas deixaram de ser uma promessa de vida melhor nos últimos anos, mesmo para alunos que já vêm da classe média, "porque os custos do curso dispararam e os empregos para bacharéis evaporaram", segundo a rede de televisão CNN. O quadro tem aberto caminho para faculdades de Direito mais baratas — mesmo as que estão nos últimos lugares no ranking de melhores dos EUA, de acordo com o jornal da American Bar Association, a ordem dos advogados local.
A última listagem da organização U.S. News Short Lists, que se especializa em rankings, mostrou um novo fenômeno na área educacional: três instituições, entre as mais baratas do país, entraram no ranking das dez faculdades de Direito mais populares dos EUA. Nessa lista, se classificaram apenas três faculdades que estão entre as dez melhores do país. As outras quatro estão entre as faculdades de custos relativamente baixos. A taxa de preferência no ranking é calculada pelo volume de aceitação das faculdades pelos estudantes, e não pela aceitação dos estudantes pelas faculdades.
Veja a lista das mais populares:
Faculdade (estado)   Estudantes aceitos   Matriculados Taxa de preferência (%) Posição entre as melhores
Yale University (CT)24520382,91
Brigham Young University (Clark) (UT)218140 64,244
Harvard University (MA)86555564,22
University of Nevada - Las Vegas26013953,568
University of New Mexico23311448,964
North Carolina Central University51424848,2RNP*
Southern University Law Center (LA)56426847,5RNP*
Stanford University (CA)38418046,92
Liberty University (VA)1838345,4RNP*
University of Hawaii - Manoa (Richardson)22510245,380
*RNP – Ranking não publicado.
A maior surpresa na lista foi a classificação da Southern University Law Center, considerada a mais barata do país e que sequer entra no ranking das cem melhores, mas é a sétima colocada entre as mais populares, acima da Stanford University — oitava na lista das mais populares.
A Stanford está em segundo lugar entre as dez melhores, junto com a Harvard University. E a Harvard ocupa o segundo lugar entre as mais populares, empatando, nessa categoria, com a Brigham Young University, que ocupa apenas o 44º lugar entre as melhores do país.
O primeiro lugar entre as mais populares é ocupado pelo primeiro lugar também entre as melhores: a Yale University.
As duas outras faculdades, que sequer são classificadas no ranking das melhores, mas que estão entre as mais baratas — e, portanto, mais populares — do país, são a North Carolina Central University (6º lugar entre as mais populares) e a Liberty University (9º lugar em popularidade).
As demais faculdades entre as dez mais populares são a University of Nevada (4º lugar, 68ª entre as melhores), University of New Mexico (5º lugar, 64ª entre as melhores) e University of Hawaii (10º lugar, 80ª entre as melhores).
Custos exorbitantes
Esse não é o único fenômeno que as faculdades de Direito americanas estão observando. A procura de estudantes por cursos de Direito tem caído consistentemente nos últimos anos. Para o ano letivo de 2012/2103, a redução foi de 20%. Para o ano de 2013/2014, a queda será de pelo menos 18%, segundo o Conselho de Admissão das Faculdades de Direito.
Os estudantes estão procurando outros cursos ou nenhum, levando algumas organizações a falar em crise dos cursos de Direito.
De acordo com o Law School Transparency Group (Grupo de Transparência das Faculdades de Direito), o custo médio do curso para alunos que buscam financiamento este ano será de US$ 195 mil. Para os que iniciarem no ano que vem, será de US$ 200 mil. Os custos continuam crescendo, mas não há perspectiva de aumento da oferta de emprego para bacharéis.
A queda na procura só não é maior devido à debandada dos estudantes para as faculdades mais baratas. E essa é a razão da subida no ranking das escolas de baixo custo.
Para entender
No último ano do segundo grau, os estudantes decidem entre ir para uma universidade ou ir para um "college" (que normalmente é traduzido como "faculdade"). Em qualquer dos casos, nos primeiros dois anos, vão estudar disciplinas básicas (História dos EUA, Inglês, Redação, Matemática, Ciências etc.). O "college", de natureza comunitária, é bem mais barato e, portanto, atrai a maioria dos estudantes.
Depois desses dois anos, começa o curso de formação profissional — o de Direito é de três anos (e os custos mencionados só se referem a esse período). Terminado o segundo grau ou os dois anos de "college", os estudantes encaminham pedidos de matrícula a diversas universidades — no mínimo sete, segundo a U.S. News.
As faculdades iniciam então a avaliação dos documentos encaminhados pelos estudantes e selecionam aqueles que decidem aceitar. É o primeiro processo de aceitação. Isso feito, os alunos recebem cartas de diversas faculdades, confirmando que foram aceitos. Aí se inicia o processo inverso, o da escolha do estudante da faculdade que mais lhe convém.
Esse é, então, o processo de aceitação da faculdade pelo estudante, um dado fácil de levantar (porque todo o processo é acompanhado pela Comissão), que define a taxa de preferência e permite classificar as escolas em um ranking de popularidade.
"Popularidade", nesse contexto, é um termo duvidoso, porque não se refere às faculdades que os estudantes mais admiram ou mais gostam, mas às mais baratas.
Não há ranking de preferência de alunos estrangeiros disponível. As diferenças, no entanto, podem não ser grandes, já que praticamente todas as universidades têm programas especiais para estrangeiros e muitas delas têm uma quota a preencher.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista Consultor Jurídico, 24 de março de 2013

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